— Boa tarde… — Boa tarde! — E a doce amiga
E eu, de novo, lado a lado vamos!
Mas há um não sei quê, que nos intriga:
Parece que um ao outro procuramos…
E, por piedade ou gratidão, tentamos
Representar de novo a história antiga.
Mas vem-me a idéia… nem sei como a diga…
Que fomos outros que nos encontramos!
Não há remédio: é separar-nos, pois.
E as nossas mãos amigas se estenderam:
— Até breve! — Até breve! — E, com espanto
Ficamos a pensar nos outros dois.
Aqueles dois que há tanto morreram…
E que, um dia, se quiseram tanto!
MÁRIO QUINTANA. Soneto póstumo. p. 100. In: Baú de espantos. p. 76–103. In: Quintana de bolso: Rua dos cataventos & outros poemas. Porto Alegre: L&PM, 2006.
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